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O cancro da mama pode reaparecer. Conheça os sinais de alerta

Em Portugal, são detetados todos os anos cerca de 6.000 novos casos de cancro da mama. Em alguns casos o cancro acaba por se metastizar, como explica a médica Ida Negreiros, especialista em Cirurgia Geral e coordenadora da Unidade de Mama da CUF – Lisboa. O cancro de mama mata 1.500 mulheres por ano.

O cancro da mama pode voltar a aparecer?

A resposta a esta pergunta é sim, pode. É por esta razão que se utilizam várias modalidades de tratamento combinadas, mesmo após o tumor ter sido retirado na totalidade.

Mesmo quando o cancro da mama foi retirado totalmente, é possível que tenham ficado células indetetáveis e, se nada for feito, elas possam voltar a crescer na mama, na parede torácica ou em órgãos distantes. Por isso, além da cirurgia, são também usadas a quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia e terapêuticas dirigidas a alvos moleculares específicos, para tentar eliminar estas células.

Em que circunstâncias pode haver uma recidiva?

O cancro da mama pode ter recorrência local (na mama) ou regional (nos gânglios linfáticos) ou à distância (noutros órgãos diferentes). Quando aparece em outros órgãos diz-se  estar metastizado. A maior parte das recorrências ocorre nos primeiros 5 anos, mas algumas vezes pode haver recorrências tardias. Estas são mais raras e pode dizer-se que o risco de recorrência vai sendo menor com o tempo.

Quais são os fatores de risco para poder voltar?

Há fatores de risco que são da própria biologia do tumor:

  • se tem ou não recetores hormonais de estrogénio e progesterona;
  • se tem expressão excessiva de HER2;
  • se as células tumorais proliferam de forma rápida.

A forma como estes fatores se combinam confere identidade aos tumores e permite agrupá-los consoante o seu comportamento (uns com maior tendência a metastizar que outros, com preferência por alguns órgãos, outros mais indolentes…). 

Há fatores de risco relacionados com a extensão do tumor na altura do diagnóstico:

  • tumores grandes;
  • presença de gânglios com tumor;
  • número elevado de gânglios com tumor.

E há fatores relacionados com os tratamentos:

  • o tumor ter sido retirado com margens próximas ou com tumor na margem cirúrgica (quando isto acontece, há que re-operar para obter margens seguras.) A margem é uma quantidade de tecido saudável que é necessário retirar em redor do tumor para reduzir a hipótese de recidiva, mas só depois de analisada ao microscópio sabemos se a margem tem tumor ou não. Se tiver, há que re-operar para obter uma margem sã.
  • não ter sido feita radioterapia em caso de cirurgia conservadora da mama ou em outras situações nas quais deveria ser feita;
  • quando a/o doente não cumpriu totalmente o plano de tratamento, seja por efeitos adversos dos medicamentos ou por qualquer outra razão.

Como é feito o diagnóstico de recorrência?

Depois de um diagnóstico e tratamento de cancro da mama, há observação médica regular e alguns exames (mamografia, ecografia mamária, em alguns casos ressonância magnética mamária, análises, Rx tórax) que tem por objetivo avaliar uma eventual recorrência. Como o risco vai diminuindo com o tempo, é nos primeiros 5 anos que a vigilância é mais intensa.

O que é que podem ser sinais de recorrência?

  • um novo nódulo na mama, ou uma área dura mal definida;
  • áreas endurecidas da pele da mama;
  • pele da mama inflamada;
  • corrimento mamilar com sangue;
  • endurecimento anormal da cicatriz;
  • gânglios com tamanho aumentado, duros ou dolorosos;
  • dor óssea que não existia antes;
  • tosse persistente;
  • náuseas;
  • perda de apetite;
  • perda de equilíbrio;
  • crise convulsiva, entre outros.

Perante alguma destas queixas, a/o doente deve  dar conhecimento à equipa médica. Para confirmar ou excluir a presença de recorrência tumoral, poderão ser solicitado exames que dependerão das queixas, como por exemplo a mamografia/ecografia mamária, biópsia, cintigrafia óssea, ecografia, TAC, ressonância magnética, análises e outros que sejam necessários.

O tratamento da recorrência depende da sua localização. Para tratar a recorrência local e regional podem ser usadas todas as modalidades de tratamento; já para a recorrência em órgãos distantes são utilizados a quimioterapia, hormonoterapia ou terapêuticas dirigidas. Nesta situação, só em casos pontuais se utiliza a cirurgia ou a radioterapia.

Qual o impacto da recorrência?

O impacto da recorrência depende do local ou órgão  onde ela aconteceu, mas o principal impacto da recorrência à distância é passar a ser um estadio  da doença que, ao dia de hoje, não tem cura. Seja como for todas as recorrências devem ser tratadas;  Mais importante, devem ser, tanto quanto possível evitadas, uma vez que se estima que uma em cada quatro doentes com recorrência  local venha a desenvolver metástases à distância.

O que se pode fazer para o cancro da mama não voltar?

Não é possível controlar tudo. Por exemplo , é possível mudar a biologia do tumor, nem a idade em que surgiu, mas é possível fazer algumas coisas.

Diagnosticar e tratar um tumor numa fase muito inicial reduz muito a possibilidade de ele voltar depois de tratado, por isso, devem fazer-se os exames mamários adequados à idade (mamografia e ecografia mamária).

Uma vez diagnosticado um cancro da mama, é muito importante fazer todos os tratamentos necessários do plano inicial ( alguns podem prolongar-se até 10 anos, mas são necessários).

É importante seguir o plano de seguimento da equipa médica, fazendo as consultas e exames definidos para cada fase.

Mas à parte do tratamento, o que uma mulher com cancro da mama pode fazer de mais importante para se manter sem doença é manter atividade física e ter o peso adequado.